Se nesse álbum houvesse apenas a música instrumental Honky Tonky (Patrulha do Espaço) eu já o incluiria aqui no blog. Por sorte o primeiro álbum do Arnaldo Baptista depois dos Mutantes é recheado de músicas boas além dessa.
Discos voadores, NASA, birra com Alice Cooper, loucura, depressão, morte, drogas, arrependimentos, saudade da Rita e até consumismo são temas abordados nesse álbum que mostra um Arnaldo devastado pelo fim do relacionamento com Rita Lee. O excelente documentário também chamado de Lóki mostra como o eterno mutante ficou arrasado com o fim do casamento e como levou a sério sua vontade de fazer uma viagem espacial, tendo sido capaz de procurar amigos para convidá-los para fazer parte de uma patrulha que construiria uma nave espacial.
A melancolia é algo presente durante todo o disco, que já começa com uma das minhas músicas nacionais preferidas, Será que eu vou virar bolor?. Nessa música Arnaldo questiona onde está seu rock n' roll e demonstra estar preocupado com a possibilidade de se tornar uma pessoa datada, um "bolor". Acho curioso como ele pergunta várias vezes na música se vai morrer de dor, mas na terceira música do disco, Não estou nem aí, ele insiste em dizer que não tem medo da morte.
Vou me afundar na lingerie é uma música provocadora com trechos como "ame-me ou deixe-me" e cheia de gírias da época como "xuxu beleza", "tomate maravilha" e "paz e amor". Para mim essa música inteira soa como uma espécie de deboche, principalmente quando Arnaldo repete que essa é a última moda. Junto com Cê tá pensando que eu sou Lóki?, onde a influência do samba é evidente, essa música possui uma atmosfera sarcástica e cômica, mesmo inserida num álbum melancólico.
Desculpe, Navegar de novo e Te amo, podes crer trazem o clima deprimido e romântico de volta com toda força, sem abrir mão da psicodelia tão presente na carreira desse artista. O disco encerra com a acústica É fácil. Recomendo ouvir essa última música com fones de ouvido para aproveitar bem todos os efeitos sonoros contidos nela, com o som fugindo de um fone para o outro.
Segundo Nelson Mota, esse é um álbum essencial para compreender a música brasileira. Ele também foi incluído na lista de melhores discos da música brasileira pela revista Rolling Stone, tendo ficado em trigésimo quarto lugar. (link para reportagem)
Link para ouvir o disco na íntegra pelo aplicativo Spotify:
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