Demorei, mas voltei com o álbum mais psicodélico que eu já falei aqui nesse blog até então. A capa já dá uma pista daquilo que pode ser comprovado nos primeiros minutos de audição: é o disco mais radical de toda carreira da Gal, provavelmente muito inspirado no rock psicodélico que chegou em seu auge nessa época. Vale lembrar que 1969 foi o ano em que aconteceu o festival de Woodstock, protagonizado por Jimi Hendrix, cujo estilo de tocar guitarra é notado nesse álbum em praticamente todas as músicas. Dá até pra ouvir o famoso efeito do pedal wah wah imortalizado pelo guitarrista americano. Outra comparação totalmente válida aqui é o estilo vocal da Gal, cujos gritos lembram os de Janis Joplin. Não vou me prolongar muito nas comparações para não parecer que quero desmerecer a autenticidade da artista brasileira.
A primeira música do disco é uma composição do Caetano chamada Cinema Olympia. Lembro que ouvi essa música pela primeira vez numa época que eu praticamente só ouvia rock e imediatamente fiquei impressionado com a agressividade do vocal da Gal e com a energia eletrizante da música. Se eu tivesse que fazer uma lista das minhas músicas de rock preferidas eu com certeza a colocaria em uma das primeiras posições. Cultura e Civilização, composta por Gilberto Gil, mantém a pegada acid rock mas sem o ritmo eletrizante da primeira, e possui um dos meus trechos favoritos da música brasileira:
A cultura e a civilização
Elas que se danem
Ou não
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu licor de jenipapo
Meu nome é Gal é uma homenagem de Roberto Carlos e Eramos Carlos à artista baiana. A antológica música conta também com um monólogo onde ela fala de aristas que gosta e termina com essa belíssima frase:
"E se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar, não precisa sobrenome, pois é o amor que faz o homem."
Se na primeira metade do disco o rock psicodélico divide espaço com a brasileiríssima País Tropical e com Tuareg, na segunda parte a psicodelia ganha força total com as músicas Com Medo Com Pedro, Empty Boat, Objeto Sim Objeto Não e por último com Pulsars e Quasars. Essa segunda metade do disco merece ser ouvida sem interrupções e dando atenção a todos os elementos que compõem as músicas. Talvez seja o registro mais psicodélico e ousado que eu conheço gravado por uma artista do porte da Gal.
Link pra ouvir no Spotify: